Análise textual de "A procura de Jane"


Nesta incrível narrativa de Giselda Morais, também autora de Preparem os Agogôs - obra de leitura obrigatória para o vestibular da UFS até o ano de 2009, a autora põe em contrapontos personagem e criadora em busca de seu acerto de contas.
A fabulação se assenta na tênue linha entre a sanidade e a psicose “ Volta-se, vê um cavalheiro de triste figura com sua capa que a convida a dançar. Será o próprio Cervantes ou o seu Dom Quixote?”, não sabendo o leitor, se trata-se de um desequilíbrio psíquico ou naturais fugas humanas. A ambivalência (experimento ao mesmo tempo, sentimentos opostos) de Jane entre o real e o imaginário se manifesta de tal forma no conjunto da obra, que o fato principal da trama conteudística –  a subtração dos originais manuscritos de um romance autobiográfico da protagonista – oscila entre uma possível ocorrência  afetiva e um não menos plausível jogo de imaginação. Tudo nessa  novela  é engenhosamente emaranhado, embora encha o coração do leitor de imensa claridade. Real mesmo é o delírio.
Os sofrimentos da filha adotiva, as dificuldades da vida, a intimidade da Filosofia, o operar incessante do pensamento, uma solidão luminescente e o impulso radical, heróico, de vender o apartamento para conhecer o mundo são aspectos de uma mulher indeterminada e atrativamente humana, caracterizada pela capacidade de compensar a ilusão da vida  com as asas libertárias do delírio. Essa mulher dançou com Cervantes em uma praça de Poços de Caldas e cavalgou no Rocinante até a estação rodoviária da cidade mineira.

         Apresenta foco narrativo em terceira pessoa “ Obedece novamente. Pára. A ordem é de subir no banquinho de plástico.”  A autora se utiliza ou cria a fantástica personagem Jane Brasil, professora de Filosofia aposentada e aventureira.
O espaço é fechado. No início da narrativa, a personagem já se encontra dentro do avião de volta para o Brasil. Chegando a Belo Horizonte, se reencontra com sua casa que tanto lhe faz referências, papéis espalhados por todos os cantos... e lembranças, muitas lembranças... Logo após, percebe-se um outro espaço: a cidade de Poços de Caldas, onde viverá outras emoções.
A obra está dividia em três partes: A viagem, A chegada e A busca. Na primeira, Jane Brasil se vê dentro de uma viagem tão sonhada durante seus longos anos de trabalho. Viaja pela costa dos Estados Unidos, claro que preferia lugares mais exóticos, Nova Zelândia ou Oriente Médio quem sabe... Mas pelo dinheiro que possuía este lugar já estava de bom tamanho. Na segunda parte, Jane chega à sua terra natal, Brasil. Situa-se, realmente confirma se já está “em casa” e tenta retomar sua vida. Na terceira parte, Jane Brasil não consegue retomar sua vida, ainda resta encontrar alguém, por isso o nome do capítulo: A busca.
Apresenta também tempo cronológico, desde o retorno da viagem ao encontro com a mãe adotiva. Mas em alguns momentos, a autora se utiliza do memorialismo. Jane Brasil busca na sua vasta memória lembranças que fazem com que os tumultuosos acontecimentos do presente se tornem mais claros e compreensíveis.

Dia da Língua Portuguesa

O 10 de junho foi escolhido para representar o Dia da Língua Portuguesa! Essa data marca o aniversário da morte de Luiz Vaz de Camões, um dos maiores poetas portugueses.
Camões acompanhou grande parte das aventuras marítimas dos portugueses, conhecendo e escrevendo também sobre as aventuras de seus antepassados. Ele faleceu no dia 10 de junho de 1580.